Vamos falar sobre MULHER

O Criar+, núcleo de comunicação do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, organizou uma evento na última quinta (14) para debater e celebrar o tema “Vamos falar sobre Mulher”. A mesa redonda, mediada pela professora Cíntia Dal Bello, foi composta pelas convidadas Pip Seger, Déborah Natal e Flávia Burin.

“Vivemos em um mundo onde a mulher é ensinada a perdoar demais desde a infância, não só as agressões de caráter físico, como também as verbais”. Para Pip, criadora da marca própria Saturn Babe, “nós, mulheres, nos acostumamos a achar que os homens estão sempre certos, a ponto de nos culpabilizar inconscientemente por suas agressões.” O posicionamento de Seger em relação ao alto índice de feminicídio divulgado este ano deu abertura ao debate sobre a morte da mulher pelo “simples” fato de ser mulher. Dados relatados em reportagem da Revista Época revelam cerca de 4 casos por dia somente no Rio de Janeiro , sendo 57% dos crimes cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas.

Pip, como mulher empreendedora no Brasil, também teceu comentários sobre desigualdade de gênero no mercado de trabalho, lembrando que a mulher assume a obrigação de provar que é tão capaz quanto o homem. Segundo estimativas da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, no ano de 2017, mais mulheres que homens obtêm diplomação em nível superior, no entanto, continuam tendo participação reduzida no mercado de trabalho e com rendimento salarial 35% inferior ao dos seus pares homens. “Vemos grande número de mulheres com ensino superior, mas não se tornando CEO’s porque os homens não deixam”, diz Déborah Natal, especialista em Branding, Coolhunting e gestão de pessoas e pesquisas de futuro.

A CIDH, Corte Interamericana de Direitos Humanos, em uma pesquisa de 2017, apontou que os atos de violência de gênero se tornaram mais frequentes com jornalistas mulheres. Com base na pesquisa realizada pela FIP, além de constantes ataques virtuais, as ações de violência mais relatadas são agressão verbal, violência psicológica, exploração econômica e violência física. A mediadora Cíntia Dal Bello abre o debate para a questão de lugar de fala da mulher em uma sociedade que a silencia. Segundo a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e a agência de Gênero e Número, a mulher jornalista sofre o chamado “risco duplo”, especialmente nas áreas de política, segurança e esportes, devido a uma cultura machista.

Para Déborah, a mulher é constantemente suscetível a ataques dentro de uma empresa. “Quando encontramos um homem em um cargo de poder, ouvimos que ele é firme, direto e intelectualizado; quando vemos uma mulher, ela é definida por outras características quando ela mostra firmeza nas palavras, alguma coisa vista como um defeito no âmbito masculino ou uma deficiência da mulher em alguma parte de sua vida particular que deveria ser ocupada por um homem”, diz. A pós-graduada em Comunicação e Marketing aborda a questão da Lei de Propriedade Intelectual Brasileira, que fala sobre marcas, patentes, direitos autorais e proteção de programas de computador, lei que é frequentemente violada quando a profissional é mulher.

Flávia Burin, arquiteta formada pela Belas Artes e, hoje, à frente do escritório FB Arquitetura e Design como diretora, compartilhou reflexões a respeito dos desafios enfrentados em sua trajetória e atitudes que a levaram ao sucesso. Por fim, a arquiteta compartilhou sua história de superação pessoal e profissional: “na vida temos que ter amor para tudo. Encontrei muitas dificuldades por ser mulher, mas precisamos acreditar em nós mesmas”, disse. As palavras de Flávia causaram grande impacto e emocionaram todos os estudantes presentes na palestra.

 

Colaboração: Adryelle Valgas Damasco (aluna de Jornalismo e monitora do Criar+).

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